Apocalipse
Meu papo é óbvio
meus versos são
uma certidão do ócio.
Sou o núncio do apocalipse
da lua sou o eclipse
sou o cio do cão.
Sou o cartão anonimo
do sim sou o antonimo
do nada sou o sinonimo.
Sou o cócix do pescoço
do tudo sou o oposto
sou a ode do esforço.
Sou o seco dos molhados
sou o monstro dos pecados
sou o mau olhado.
Sou a rima do verso
sou o verbo da canção
sou a cisma da oração.
Sou o objeto do sujeito
sou o anverso do defeito
sou o inverso do perfeito.
Sou a cripta da múmia
sou o torrão da terra úmida
sou a fuga da razão.
Sou o lapso da memória
da elite sou a escória
do caos sou a glória.
Sou o vácuo da tempestade
do vadio a maioridade
das ideias a temeridade.
Sou a eternidade na tática
sou a morte da estratégia
sou o horror na prática.
Sou o final do começo
sou o fim do início
sou o término do meio.
Sou o contra do a favor
sou o ímpar do par
sou o plural do singular.
Sou o riso do tristonho
sou a sensatez do medonho
sou a altivez do enfadonho.
Sou a calma do apressado
sou a timidez do ousado
sou o olhar do observado.