Inexistência
No interior de um quarto
De abrir e fechar de olhos,
Uma cegueira tão absoluta
Que o tempo, a escuridão
E o espaço jamais caberiam.
Os olhos vazios de sangue,
O suor e a lágrima secaram,
A vontade ria da desventura,
O ser era humano às avessas;
O não ser é que era a questão.
Se algo visse àquela fração
Saber-se-ia que não era alguém;
Era o despedaço do todo
Que não se fragmentou;
As circunstâncias jazem intactas.
Da lama do limbo de não ser
As coisas gritavam pessoas
De formas inexprimíveis,
O universo crescia veloz,
Tudo era cada vez menor
Até compreender que não existia.
Porque o que não tem tamanho
Pode crescer ao contrário;
E, onde estará o contrário
Daquilo que não tem tamanho?
Que falta fazem as bocas,
Os pensamentos e os gritos...