Pisa. Mas não maltrate.
Pisa de leve nesse chão;
Aí está a alma do poeta
Entregue às revelias.
Prostrada e invisível;
Vendo as instituições
Pelos versos e avessos,
Multicenários invertidos,
Amores amalgamados,
Ódios e outros sentimentos
Absurdos-mudos excluídos;
Vidas decadentes, insólitas
Verdades nuas, indecentes,
Fazendo a vergonha da gente.
Ventos que levantam saias
Que levantam por gosto,
Gentes que fogem da raia.
Ele é neologista de palavrões.
A sociedade cospe de nojo
Mas ele vê a hipocrisia,
O incesto, os pretextos,
E os desafetos do amor.
Pisa de leve nesse sangue
Não é um tapete vermelho
È um espelho da dor...
Quando os passos passarem
Ele se levantará para viver.
Viver? Não. Para continuar
Morrendo aos pedacinhos.