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ASSIM É A VIDA

Torturo-te devagar

Para que não morras 

De dor extrema.

Dou-te um pouco de cor,

Dou-te um poema.

 

Vou ceifando laços

Do que não mais serve

E não quer ficar.

Deixo-te uma cena

Bucólica, amena,

Um braço de mar.

 

Torturo-te decepo

Ligações forçadas,

Forjadas no ninho;

Nos tocos doridos

Faço com que surjam

Novos caminhos.

 

E a graça de tudo

São as luzes que eu penduro

Por entre a escuridão

Que eu mesma provoco

Sempre que eu te toco

Com minha fria mão.

 

Torturo-te aos poucos

Com vários requintes

De doce crueldade,

Pois quero que saibas

Na ponta da espada

O que é realidade.

 

Se há um motivo,

Ninguém jamais disse,

Mas cumpro minha sina

De morder-te e assoprar-te,

De dar-te e tomar-te.

Assim é a vida.

*


Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 23/12/2012
Reeditado em 23/12/2012
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