Sem Eira nem Beira
É verdade que você está perdido?
É verdade que você quer seguir?
É verdade que você quer pagar?
É verdade que você quer sangrar?
É verdade, a infâmia lhe terá consumido?
Então você deve estar preparado
A dor, nem de longe deve ser obstáculo
Porque quando você cair, acredite
Esteja ansioso para reencontrar suas lágrimas
Pois até isso lhe terão tirado
Separando da vida os piores recortes
Você já tem o bilhete e a pouca sorte
Mas esse trem ama a noite, sem concessões
Não espere clemência na próxima estação
E aos fáceis caminhos, prefira a morte
Pouca experiência, o covil da serpente
Certo, a vida é mais e mais difícil
E o mundo, como uma garota dissoluta
Completando a venda dos serviços
Num quarto sujo, em arquejos já dormentes
Cada vez mais distantes as luzes da cidade
Há tempos a emoção não circula em suas veias
E não tarda a chegada de sua total ruína
O cadafalso é sua certeza vacilante
Escave mais seus abismos, até respirar os vapores de Hades