TRANSE DESCONEXO
TRANSE DESCONEXO
“Não, não digas nada!”
Sente...
Pede com teus olhos
Toma com tuas mãos
Saboreia...
O amor que te dou...
Puríssimo néctar dos deuses.
Mudei de tema agora
A música entra e teima
Teima em me tomar
Reviravolta
Desfaz-me por dentro
Faz de mim outra
De outra cor
Outra luz
Novo som
Me cativa em notas
Prende-me às voltas com a canção...
Não, não digas nada!
Dizia um primeiro refrão
Era tão lindo e sucumbi
Ao seu chamado
Era a voz do Ney
Depois Marisa
Viajo... “Vou andar e vôo...”
Quase plágio...
Mas o que vive minha emoção?
Quem a descreve, senão eu?
Deixo vicejar
Deixo correr...
No verso solto,
Sentimentos,
Palavras,
Sons...
Que me falam...
Gritam...
Atordoam e não se calam...
Por mais que eu os amordace
São mais fortes...
Saem sem medo
Dominam os dedos que teclam.
Ou os liberto ou me sufocam...
Ou os deixo fluir,
Ou me farão sucumbir...
Pouco importa agora,
Se já não tem tema o meu verso
Converso... Falo só...
Comigo...
Com a energia em derredor...
Enquanto não livrar-me desse sentimento,
Dessa força, estarei presa...
Sem porta pra abrir
Sem chave pra sair...
Sem eira nem beira...
Sem sol...
Sem estrela
Sem dó...
O tempo esvai
O sangue estanca.
Pára tudo. É o final.
Final do verso...
Um final é o que peço,
Pelo amor de Deus!