Contraditório
Fogo é toda chama
que no tocante à cama
congela o que ama, e arde o orgulho
e queima e teima
sem fazer barulho, inflama.
É o que há na ira que espreita.
O fogo nem à sua própria chama respeita
e a consome por inteiro,
a consome inteira
É aquilo que há no peito
de quem deita na vontade
de que se torne pra sempre inteiro
o que só será metade
É do suor a constante
que pode não podendo,
ser contradição entre o gelo e o derretimento.
Do frio, o consolo
e o terror do amante ciumento.
Então, diga-me, fogo:
Como podes ser tão ardente
e queimar-me tão friamente
o sentimento?