QUADRILÁTERO
A escrita não enche os olhos.
... É uma linha fina e reta
que não diz nada.
Segue não sei para onde
calada num olhar abstrato.
Vaga, vaga, colada na pauta
Crescendo a cada dia
Mas o que vejo?
Um fiapo estático
Sem movimentos,
ondulações...
Sem cor
Se formasse círculos pelo menos
Um ponto tocaria o outro...
Poderia ser uma geometria
poética inserida
Num ângulo agudo ou obtuso.
Mesmo que fosse reto só com noventa graus
sem alcançar os cento e oitenta...
Seria preferivel que este segmento sem alcance.
Mesmo que fosse tão somente dez
de criatividade, mas nascesse
dele uma bissetriz, apontando para algo
além do infinito... Mas lá estaria algo!
Fito mais uma vez o
rabiscado vendo o
que ele me diz...
Nada, absolutamente nada
O grafite bem que poderia ser giz.
Apagaria tudo com a ponta do dedo
Desfazendo o medo
De surgir algo abjeto
e sem nexo...
Uma parafernália sem sentido.
Meu sentimento circunspecto
Não admite que seja extraído
o que não possa ser absorvido
Do quadrilátero embranquecido
não sai desenhos...
... Fico perdida entre pontos invisíveis da imaginação.