Apocalipse


Faísca de luz,
O prateado ecoa sobre o denso azul,
Noite onde as nuvens domaram as estrelas.
Insano delírio, sono pesado, insônia hipnótica.
O ego abriu-se e depois engoliu-se,
Numa autofagia, uma enorme boca
E olhos caninos brilhantes na escuridão,
Arrepio elétrico que desvenda a coluna vertebral.
O movimento esquivou-se serpenteando.
E o deserto foi arrebatado por sinistro jardim,
E na dor dos espinhos surgiram lágrimas,
Num choro silencioso, para num grito sem fim
Calar-se num absoluto desintegrar das palavras,
Cacos de sílabas, símbolos e signos do mundo.
E o mundo, oh o mundo...
Ele em toda sua impaciência,
Intolerância e loucura, fruto proibido
Que transbordou em caldo doce,
De tão doce que amargou-se,
De tão tenro que putrefou-se,
Exaurindo em pó, em adubo da terra,
De onde brotou um coração vermelho
Que, em ímpetos de paixões,
Fez o mais sereno amor.
E então gemeu,
Como o infante nascido a fórceps,
Num parto de si,
Onde do cansaço das lágrimas
Surgiu um leve sorriso,
Numa boca cheia dentes
Que gargalhou, num riso tolo,
Num rir-se estúpido.
E de tanta estupidez se fez belo,
Converteu-se em sinfonia,
Das mais belas talhadas notas musicais,
Perfeitas demais para serem reais,
Pois que nesta trilha poética
Toda ilusão vai além da realidade,
Todo verso é comédia e dor,
Tragédia e riso.

08/08/2012
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Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 11/11/2012
Código do texto: T3980563
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