BARCOS SEM MARESIA
Um traço teu
Um troço meu
Nada me diz tanto como teu nome
Como tem andado nossa vida presente
Ausente dos seres e dos abraços
Cadê a forma de nos tratarmos
Vivemos de fantasias e alegorias
Pessoas nervosas nervos de aço
Não existe mais a paciência
Pessoas rançosas e com pressa
Marca-passos
Voam ligeiras como mosca sem ossos
Convulsivas com raivas cavernosas
Mais espinhos que rosas
Exalam a perfídia
E túrbidos se atropelam
Não há mais noite tranquila
Mais a pressa que o fogo devora
O coração que pouco palpita
Ante o abutre da hora
Carniceiro frio que tortura
Qual anjo da melancolia
O ser que morre na criatura
Como o sal que some
Na água que o satura
Este turíbulo enorme
Desfaz-se como um incenso
Que na nuvem dorme...