MEMÓRIAS DE UM POSTE
Na calada da noite, ele é
Espião, amigo, luz.
É amparo de bêbados, loucos...
Abrigo de amantes apaixonados.
Ouvinte fiel de flagelados e desabrigados.
Já presenciou crimes, juras de amor, segredos.
Cumpre fielmente seu papel, iluminar noites.
Sente-se poderoso, lua plena.
Imóvel mas de olhos arregalados,
Nada escapa a sua atenção.
É o rei, a majestade da noite,
Noite gélida e chuvosa.
Água suja da sarjeta tocam seus pés.
Seus olhos baixam ao nascer do sol.
Agora serve de apoio ao inválido,
E ao cão que lhe faz as necessidades.
Mas ao cair da tarde, radiante ele retorna sua rotina.
A iluminar noites e vidas.