QUANDO EU

Quando estou bem canto, me engalano

Solto a voz e a alma flutua

Sigo as notas de um piano

Um Orfeu dançando sob a lua

Quando estou de mal do mundo

Componho só sobre as dores

Vou ao céu, desço ao inferno

Sou mágoa, verdadeiro, profundo

Quando estou a sonhar,

Rasgo as nuvens como avião

Vazo na imensidão do infinito

Nas asas do meu coração

Quando estou amando,

Amo como se estivesse no olho do furacão

Farto-me e me lambuzo, destruo-me

Sou antítese de toda a solidão

Quando estou mal comigo, me dano

Fujo de mim, escondo-me

Disfarço, dispo-me,

Me firo, me engano

Quando estou em desarmonia,feito cão

Falo, grito, me corto, me enveneno

Depois tudo passa como chuvas de verão

Quando choro, caem lágrimas dos ensandecidos

Quando deliro, canto o horror de minhas entranhas

Em desespero, migro pra mundos desconhecidos!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 28/02/2007
Reeditado em 17/05/2014
Código do texto: T396983
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