Testemunhar, silenciar ou gritar: eis o dilema!
Reticente! A cena ainda estava
bem viva, na memória,
atordoando feito uma cefaléia.
Relutante! Temia descrever os fatos
podiam se transformar em boatos
maldita hora pra passear pelos becos históricos
Debutante! Mal havia chegado à cidade
não podia revelar cumplicidade
tampouco falar da atrocidade
Ultrajante! A forma como foi abordada
a fez se sentir indefesa e tão acuada
que implorou para falar com a delegada
Aviltante! O transporte na viatura
olhada como se fosse prostituta
saiu da cena diretamente para uma cela
Revoltante! Dormir a noite naquele antro
sensação pior do que contrair um cancro
até ser libertada por um defensor público
Hesitante! Jurou mão sob a Bíblia que falaria a verdade
sob olhar inquisidor do cruel bandido, que maldade,
firme superou o silêncio e contou a atrocidade.
Exultante! Mal conseguia conter lágrimas e emoção
ao deixar o Fórum, já sem qualquer coação
testemunha que fora de um crime de paixão.
AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 8-Out-12, a respeito de uma cena cotidiana de uma turista acidental, envolvida no testemunho de um crime
passional.