Cantares IX - dos caminhos

Exilada na noite criança

e seus fragmentos

que geram suspiros,

creio ser somente

uma palma em lembranças

aberta, em alerta,

- um círio.

À noite, convoco estrelas

esgueirando-me pelas altitudes,

e para adornar

as rendas das janelas

restauro na alma

cânticos e solitudes.

Sou aquela

que à terra pertence,

à searas de pão,

a que se identifica com a luz

e o trovão

e que a si mesma se vence.

Aquela que

embora em chamas profundas

os véus tem erguido

para beber, sem medo,

do cálice da inquietação

e de crepúsculos recém-nascidos.

Com reverência

levo nas mãos

os ramos desse sândalo,

perfume de anjo antigo.

para cingir

dentro do coração,

com gestos leves

os caminhos do trigo.

(Direitos autorais reservados - Lei 9.610 de 19.02.98)

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 28/02/2007
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T395963
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