Cantares IX - dos caminhos
Exilada na noite criança
e seus fragmentos
que geram suspiros,
creio ser somente
uma palma em lembranças
aberta, em alerta,
- um círio.
À noite, convoco estrelas
esgueirando-me pelas altitudes,
e para adornar
as rendas das janelas
restauro na alma
cânticos e solitudes.
Sou aquela
que à terra pertence,
à searas de pão,
a que se identifica com a luz
e o trovão
e que a si mesma se vence.
Aquela que
embora em chamas profundas
os véus tem erguido
para beber, sem medo,
do cálice da inquietação
e de crepúsculos recém-nascidos.
Com reverência
levo nas mãos
os ramos desse sândalo,
perfume de anjo antigo.
para cingir
dentro do coração,
com gestos leves
os caminhos do trigo.
(Direitos autorais reservados - Lei 9.610 de 19.02.98)