OFICIO DO SACRIFICIO

Nascido em família pobre

E criado no sacrifício

Herdou do pai o oficio

De cortar lenha e pescar

E de chalana navegar

Nas águas do Rio Uruguai

Porque tal qual o seu pai

Ele nunca pode estudar

Não importa se é calor

Se chove, ou se faz frio

Dirige-se para o rio

O lenhador ribeirinho

E dando tchau aos filhinhos

E a sua mulher amada

Com vigorosas remadas

Começa então seu caminho

Como não a “maretadas”

O “chalaneiro” se anima

E águas abaixo, ou acima

Ele procura um lugar

Aonde vai ancorar

E de machado e facão

Com muita disposição

A sua lenha então cortar

Assim prossegue o lenheiro

Na sua dura jornada

E ao meio dia numa picada

Ele sentado no chão

Come um pedaço de pão

Tomando uma água doce

Pois foi só o que ele trouxe

Para fazer de refeição

Depois de novo prossegue

Até terminar a carga

Então no ombro carrega

Toda a lenha pela trilha

Pensando na maravilha

De não ter havido vento

Facilitando o sustento

Dele próprio e da família

Então carrega a chalana

E remando com vontade

Ele chega enfim na cidade

E após ter descarregado

Vende por alguns trocados

Mas sente muita alegria

Pois o sustento do outro dia

Já ficou assegurado

Guarda então as ferramentas

Depois abraça os filhinhos

Na mulher faz uns carinhos

Se lava e come comida

No espinhel faz a recorrida

Para depois ir descansar

E deste modo então encerrar

Mais um dia da sua vida

Bate um papo com a esposa

E depois então se recolhe

Pensando que não é mole

A gente não saber nada

E olhando as mãos calejadas

Diz ao filho adormecido

Estude meu filho querido

Pra não seguir minha estrada

Eu te peço filho que estude

É para a tua felicidade

E mesmo que a necessidade

Fique sob o nosso teto

Faça o que é mais correto

Estude com muito esmero

Pra não ser mais um lenheiro

Sem futuro, e analfabeto

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 15/10/2012
Código do texto: T3934020
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