QUANDO AS ESTRELAS MORREM
 
Quando à noite agrura
o ocaso em agonia
brota em calçadas nuas
farto luzir que irradia
fazendo da noite escura
uma tênue sombra esguia.
 
Quando a lua enfim vagueia
e em prata se oferece
mas tão frágil bruxuleia,
sob um neon desfalece
então morre ainda cheia
quando o dia amanhece
 
Como a "láctea" em "sangria",
a cidade se incendeia
num fulgor que prenuncia
a morte da cada estrela
quando a noite vira dia
sem que ao menos possa vê-las
 
A luz vaza dos postigos
e escorre das sacadas
em faróis formam torrentes
transformam ruas em rios.
E sombras buscam abrigo
nos cantos e becos vazios.
 
Luzires intermitentes
que empalidecem o brilho
de cada estrela cadente
que risca no céu um trilho
de pedidos mudos, pendentes
então sonhos morrem em sigilo.
 
Ofuscam-se as três Marias,
a Ursa, e o mapa zodiacal
ludibriando a magia
do romantismo astral
nem o cruzeiro referencia
o sul como ponto cardeal.
 
Assim, nas casas e avenidas
um constelar nasce ao léu
e vão ficando estendidas
e dos prédios descem em véu
porém pra cada luz acendida
morre uma estrela no céu.


Foto: do autor
Ponte sobre o Rio Uruguai, na fronteira do Brasil com Argentina
foto feita no lado brasileiro, cidade de Uruguaiana, Clube de Regatas.

Cesar Tomazzini
Enviado por Cesar Tomazzini em 08/10/2012
Reeditado em 09/10/2012
Código do texto: T3922687
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