Ode à morte
Ode à morte
Que é a vida senão
a espera da morte?
Nascemos e nem mesmo
escolhemos nossos pais.
Crescemos e então fazemos
nossas escolhas:
Que profissão abraçar,
se nos casaremos, ou não,
se constituiremos família,
ou não,
que tipo de esporte praticar
ou esporte nenhum,
que lazer mais nos agrada,
por qual time torceremos
ou se odiaremos futebol,
que relacionamentos teremos,
se amaremos e nos permitiremos
ser amados,
se subiremos degraus
ou ficaremos na planície,
como ocuparemos o tempo
ou não o ocuparemos,
se nos embriagaremos
com vinho ou com água potável,
se leremos algum romance,
se buscaremos a Deus,
se correremos atrás de uma
tal felicidade.
Abraçaremos o sol e as
estações que se repetem.
Sofreremos as agruras
da dor, da solidão,
reflexo da nossa finitude
e da ânsia pela vida.
Riremos e choraremos
a cada amanhecer.
Certamente pagaremos impostos.
Isso enquanto aguardamos
a visita da senhora morte,
que certamente virá.
A vida é a espera da morte.
Não seria então a morte
a verdadeira vida?