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Crime Passional


 
O pretensioso vai e vem enciúma
um olhar que desacredita no que vê...
Outro audacioso azul acolhendo meu corpo,
Me puxando despudorado ao tapete aguado.
Os olhos azuis, secos e abobadados
piscam inúmeras vezes, fazendo as nuvens sombrearem o semblante,
numa mistura de ira e tristeza.
Agita-se em ver minha pele sendo lambida e acariciada por tantas línguas d’águas...
E o que me cobre ser retirado
e levado por ondas tão ousadas...
Se contorse a ver minha entrega,
num balé ao som dos marulhos,
num êxtase apaixonado.
Lá do alto, nos espreita
entre areias de nuvens,
Observando nossa troca de carinho...
Troveja um palavreado impróprio e ofensivo; mundana!
Irritado, reúne os nimbos escurecidos
e cobre o corpo, para que a cama
que me embala, não atenha mais
o reflexo daquele azul,
mas o cinza da tempestade...
O ciúme provoca os ventos
irritando as águas cálidas,
acabando com o namoro...
Revoltado, o mar me cuspiu na areia,
largadando-me nua e fria,
me culpando por tudo...
O vento, a mando do céu,
terminou o serviço retalhando-me
o corpo com farpas geladas... 
Agonizando me pergunto:
Por que fui me envolver
com essa dupla de azuis...?
 
 



 






 
MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 21/09/2012
Reeditado em 24/09/2012
Código do texto: T3893588
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