UM BRINDE!
Aos céleres dias em que cozi minha vida,
Dias de opróbrio e de infâmia,
Dias em que era vergonhoso dizer “te amo”,
A estes dias dedico os meus versos.
Não ao futuro que se nos descortina acre e temerário,
Ao qual só nos convêm as rezas e as pesquisas
Em que ciência e religião enlaçam as mãos
Par vaticinarem as desgraças de nossa existência.
Também não os dedico ao presente,
Este momento circunstacioso e improvável
Anfitrião que insiste em nos receber encapuzado
E senta ante nós silencioso a espera de uma palavra
Para a qual nunca estaremos preparados.
Eu canto ao passado... ao meu passado,
Uma vitrine em que exponho erros imperdoáveis,
Erros em que se veem nas etiquetas valores absurdos,
Todos erros de grife que prescindem de latumiações,
Admiro-os sem pudor, pois jamais desconfiariam
Os companheiros que me circundam ante a vitrine
Que os devolvi a loja por não ter como pagá-los.
Saúde!