O Corvo

Vens voando bater de novo

nesta alma em pena cansada

que por um fio de saudade

move-se em teus olhos, ó corvo

não trazes de volta

a flor do meu jardim,

nem a aurora dos meus dias,

vens como a um sonho,

que se guarda ao despertar

- sem tempo, sem regra -

num grão de esperança, sei,

trazes a morte da saudade

por fim, matarás a saudade

que me explora a alma inquieta

guardiã desse desejar profundo

de amar a mais bela das poetas

que cantou versos pra mim um dia

e agora não canta mais

rara beleza dentre as belas

que meus olhos hão de suportar

tamanha beleza

que minh’alma há de suportar

tamanha elevação

Levanta-te! ó ave hedionda

com tuas asas sombrias

desta gélida alma em que

houveste de pousar infausta

Leve essa dor de ausência

mas que seja agora, por fim

agora, senão,

não quererei mais auroras

nem tardes, nem noites,

frias ou quentes, porque

a dor que me é pungente

não suporta mais horas

nem minutos

nem reencarnações

posta saudade me faz querer

a morte eterna,

sem seu amor,

a vida é eterna

se não me trazes

de volta o meu amor, vá

e surra o vento com tuas asas

que espantam as

almas dos becos

e leva contigo meu

recado a Hades,

quem te mandou,

de minha completa

e solene inconformidade

agouro que me trouxeste

deixarei, e partirei sem bagagem

sem saudade

levarei comigo

a derradeira esperança

de acabar com meus ais,

reencontrar minha amada

que cantou versos pra mim um dia

e agora não canta mais.

Carlos Alberto de Souza
Enviado por Carlos Alberto de Souza em 08/09/2012
Reeditado em 09/09/2012
Código do texto: T3871028
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