Alguém
E aquela criança
que havia fugido
de bosques perdidos
E sempre
se encontrava
em um labirinto
Estava agora
acorrentada
Mais uma vez
sem saber
Como e quando
viera parar ali
Presa e amordaçada
não podia gritar
Sequer mover-se
Olhava pelo vão
era noite
Assim,
como todas as outras
Em que estivera perdida
Talvez sem saída
A mesma criança
que embora não crescesse
amadurecia
E se via ali
como um andarilho
Seus sentimentos nobres
escandalizados
Maltratados
por sabe-se lá quem
Coração partido
e remendado
Pelo tempo
que sempre
a tratou com desdém
E talvez um menino
talvez menina
Uma criança sem sexo
um anjo preso na sua vida
Que não chorava por se encontrar em espinhos
mas sim
Por não saber o que eram flores
Um anjo que sem asas não voava
e mesmo com
não possuía tal dom
Uma criança
um anjo
talvez,
Alguém que estivesse morrendo
não de vida
mas de sofrimento
Alguém que tinha medo do escuro
mas nunca havia visto a luz
Alguém
simplesmente;
um anjo
uma criança.