Era uma vez...
Vês!
Ante o candente candelabro de paixões
Ela passou sem sequer feri-los
Com seu incólume toque de Venus de Milo
Atraía a reis, cavaleiros e bufões
Andava nua entre profetas
Trança longa, bailando em seu caminhar
Ela era o alvo e os desejos as setas
Inveja e cobiça: Elas vêm sem tardar
Foi quando ao longo avistou
Forte, louro, cavalo branco a montar
"Esta rosa princesa, lhe dou
Com meu coração para embrulhar"
Quantos destinos cruzam nossa vida!
Que alegria, achei meu lugar
Um coração só é uma vida partida
"Nunca mais passarei fome" de amar
Mas a mão que afaga o rosto
Põe o dedo na ferida
Meu cavaleiro na trincheira tem um posto
Em uma guerra feroz e sofrida...
Quando a tristeza fere o peito
É pior do que espelho, maçã ou madição
E ela ja fez, sem como saber direito
Seu voto de apatia e submissão
Tragam-me um veneno lento!
Chega, não vou mais lutar
Minha alma gêmea foi jogada ao vento
E temo que sua espada há de tombar
E alguns outonos se passam
Sem que as primaveras fossem sentidas
A fé e dor se entrelaçam
Quão mãe e madrasta é a vida...
Mas eis que de novo em seu cavalo vê ao longe
O mesmo louro, a mesma espada agora ensanguentada
Sob a razão a alegria se esconde
E ela não crê na cena avistada
"Sou eu bela princesa,
Tivemos êxito na batalha enfrentada
Quero uma luz de vela acesa
E o único embate será nos lençóis de minha amada"
E tudo assim se seguiu
Como uma história que não tinha fim e nem meio
Pela espada do amor a dor sucumbiu
E pela fé no amanhã a esperança a galope veio!