Um dia comum

Duas da tarde

de um dia comum

os carros barulham como sempre

sons, apitos, buzinas, freadas

e nas calçadas os pedestres

acuados com os gritos frenéticos

do morador de rua.

Não se escuta mais nada no frenesi da cidade

e os pedestres pasmos,

estirados ao vento

como indivíduos inertes

postos ao sol para secar.

O vento belisca os corpos

enquanto o sol seca esperanças.

Mas o torpor dura pouco:

apenas o tempo do carro camuflado

da Assistência Social

levar o que o populacho chama de "mendigo"

sabe-se lá para onde.

E as ondas humanas

retornam às calçadas

ouvindo-se novamente

os roncos dos motores...

Nova Friburgo, 19/08/2012 (19h34min).