primeiro manifesto contra o existencialismo ou qualquer coisa do gênero.
não há realidade.
a busca mais incerta do ser é ao encontro do que é certo.
e o que é certo?
não há certeza.
não há há.
não há.
por quê?
não sei... porque não há.
e só isto já se basta.
as linhas retas do trilho não invadem minha casa.
as montanhas não são feitas de promessas.
e o meu peito não bate.
não bate.
não bate.
o cachimbo ainda continua aceso.
há ou não há cachimbo?
não há cachimbo.
isto não é um cachimbo.
e não teime em teimar que é porque não é.
cantemos a não existência da existência.
meros pedaços tornam a me dizer coisas indizíveis.
mostrarei o quão suave é a brisa que corre no campo.
não tem cor. não tem aroma. não há.
mas se revela de sua própria existência inexistente.
como não há?
não tenho tempo para explicar-lhe.
mas não basta. não há explicação.
se olhe no espelho de vez em quando, ora!
por que me persegues?
ontem cedo cortei o cabelo.
e o sol brilhava tímido.
se ele há? talvez.
eu não.