À MARGEM DO SAGRADO E PROFANO
À margem do sagrado e profano.
Eis o limbo em que me encontro.
Daqui, deste ponto, vi deuses digladiando.
E o sagrado agora é profano.
Digam o que disserem.
As águas rolaram;
Os ventos sopraram;
As folhas caíram;
E rio abaixo foram suas verdades.
Em mim restou cristalina incerteza.
Nem sagrada nem profana.
Absoluta em si possibilidade apenas.
Agora não há mais santos.
São todos anjos e demônios.
Isso sim é natural;
Isso sim é ser humano.
Rasgo-te agora os caminhos da alma
E grito:
_Chega de definições!
_Rompa estes padrões!
_Liberta a mente dos grilhões!
Os escravos são história.
Mas presentes dos deuses foram um dia.
Hoje isso não é glória.
É vergonha, é derrota.
Meu grito é por liberdade.
_Quebrem-se as correntes deste tempo!
E naufraguem os navios negreiros da intolerância.
_Entre a cruz e a espada estejam sim os inquisidores.
E livremente roguem nossos índios:
_Tupã, venha a nós o vosso reino.
Seja a nova ordem numa só voz
Um grito de humanidade;
O grito da Humanidade.
_A liberdade é ser feliz na diversidade.
Seja negro, seja gay;
Cristão, budista ou ateu;
Seja muçulmano, umbandista ou judeu.
Direto dos indús:
_que alcancem logo o Nirvana
Os meus e os teus.
Será vergonha nosso tempo um dia.
Então não mais será diversidade uma utopia.
Marcos Antoine (Reg. SATED-RJ 35.202)