Do tombadilho, quedei silencioso ao mar.
As aguas e o sal, expatriaram;
o que cri, fosse minha vida;
Enfim, me dei morto.
Ao terceiro dia despertei,
Numa praia de areias miudas e mansos rechaços;
Meu corpo, ali disposto as traças do tempo, sorri;
Envolvido pelos cantos murmurosos das mulheres,
Que cultivaram a saudade do que fui.
Meu corpo, emoldurado pelo tropel das vagas
É um, entre tantos que as aguas salgam;
Sem necessidades laboriosas ou angustias insidiosas,
Nele; tudo são uteis sargaços e vivas de palatos risonhos;
Demoro-me contemplativo , olhando o horizonte,
Nunca dantes visto com tal largueza,
O sol jaz na tarde praiana, numa exatidão covarde;
destarte, sou humano.
Sei, somente agora; de minha inutilidade.
Sei o quanto é inutil, as certezas que se cultivam...
Sei da inutilidade dos saberes, que ao coração fustigam.
Sei dos sonhos que jazem nos frascos coloridos das almas andarilhas,
Que volvem-se num sempre retornar do passado.
Sei que o mar de Camões, não é o mesmo mar de Castro
E que nenhuma morte, mata a alma do navegador
Que no amor traça a rota de sua viagem.
Estou vivo, finalmente vivo e me é direito
Sorrir aos caranguejos azuis.
- "A alma move toda a matéria do mundo."
Virgilio
Imagem: Olimpio de roseh
Praia da caçandoquinha, Ubatuba, São Paulo