Do tombadilho, quedei silencioso ao mar.

As aguas e o sal, expatriaram;

o que cri, fosse minha vida;

Enfim, me dei morto.

Ao terceiro dia despertei,

Numa praia de areias miudas e mansos rechaços;

Meu corpo, ali disposto as traças do tempo, sorri;

Envolvido pelos cantos murmurosos das mulheres,

Que cultivaram a saudade do que fui.

Meu corpo, emoldurado pelo tropel das vagas

É um, entre tantos que as aguas salgam;

Sem necessidades laboriosas ou angustias insidiosas,

Nele; tudo são uteis sargaços e vivas de palatos risonhos;

Demoro-me contemplativo , olhando o horizonte,

Nunca dantes visto com tal largueza,

O sol jaz na tarde praiana, numa exatidão covarde;

destarte, sou humano.

Sei, somente agora; de minha inutilidade.

Sei o quanto é inutil, as certezas que se cultivam...

Sei da inutilidade dos saberes, que ao coração fustigam.

Sei dos sonhos que jazem nos frascos coloridos das almas andarilhas,

Que volvem-se num sempre retornar do passado.

Sei que o mar de Camões, não é o mesmo mar de Castro

E que nenhuma morte, mata a alma do navegador

Que no amor traça a rota de sua viagem.

Estou vivo, finalmente vivo e me é direito

Sorrir aos caranguejos azuis.



- "A alma move toda a matéria do mundo."

Virgilio


Imagem:  Olimpio de roseh
                  Praia da caçandoquinha, Ubatuba, São Paulo

 

Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 17/08/2012
Reeditado em 19/08/2012
Código do texto: T3835688
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