Na ânsia da palavra...



Irrequieta, aguardo a tua chegada
E esta longa espera me agita, me mata...
 
Vou lá fora, olhos ao céu.

 Que faço agora...?


Olho as nuvens... Hoje não servem, delas já contei  loucas histórias
E as estrelas, minhas belas companheiras, já toquei as cinco pontas... Que bobagem, estrelas são infinitas em suas infinitas pontas. Não toquei nem a ínfima parte delas...

A lua, a lua... Eis que agora se esconde atrás da montanha ao longe... creio que está em greve comigo e não quer se deitar em inspirações...

Levo as unhas à boca...

Pare!  Vai arruiná-las...

Elas se consultaram hoje com a manicure... 


Com a mão suspensa à meio caminho mexo os dedos


Olho a  árvore, as folhas caindo, milhares delas já mortas no chão sendo arrastadas pelo vento... Não dá. Já fiz de tudo com elas...

Olho o relógio, o ponteiro avança devagar...

E você que não chega?

Sento novamente, fecho olhos. Deixo eles investigarem todos os recantos dos pensamentos. Eles se abrem novamente cansados. Não conseguiram te ver no imaginário.

A ansiedade mata aos poucos...

Passos pra lá... Passos pra cá!

O tapete já gasto me faz tropeçar...

Por um instante quase deixo escapulir uma palavra inadequada...

Cansei do quarto, cansei da sala. Minha ansiedade me leva até a cozinha... Quem sabe um copo d’água não mata a agitação?

Abro a geladeira... que delícia! O pudim de coco com calda, ainda intocado me deixa em tentação.

Não posso!

Fecho a porta do eletrodoméstico com um safanão.

Não posso ganhar calorias, tenho que estar leve, fluindo solta, para que você também chegue leve e solta... tem que estar sinuosa, bem talhada, sem o peso da obesidade... Assim dançará sem cansaço na pauta do papel...
 
Vou marcar mais cinco minutos e se não chegar, juro que devoro aquele pudim de coco...

Chega logo palavra que acalma... Tira-me desta aflição...
 
Preciso de você para que eu tenha inspiração...

MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 02/08/2012
Reeditado em 07/08/2012
Código do texto: T3810054
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