AQUELES DEGRAUS

Desci aqueles degraus aos tropeços

Quase caindo

Mas sentindo

Um grande aperto no forte coração

Sem nada enxergar na vasta escuridão

Os carrascos, com tochas, me seguiam

O sangue fervia

Mas eu não podia

Nada fazer diante de tanta crueldade

Preferia calar e evitar a insanidade

A cela fétida causava enjôo e arrepio

Esqueci o mundo

Me tornei imundo

Jogado à sorte em meio a podridão

Companheiro enfim apenas da solidão

Vinte anos se passaram sem me dar conta

O corpo emagreceu

Mas a doença venceu

Naqueles tempos da era medieval

O coração fraco bate ainda normal

Desci novamente aqueles degraus antigos

Mas sem tropeçar

Apesar de soluçar

De sentir o desamor em tempos passados

Proclamando agora meus sonhos realizados

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 29/07/2012
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