AQUELES DEGRAUS
Desci aqueles degraus aos tropeços
Quase caindo
Mas sentindo
Um grande aperto no forte coração
Sem nada enxergar na vasta escuridão
Os carrascos, com tochas, me seguiam
O sangue fervia
Mas eu não podia
Nada fazer diante de tanta crueldade
Preferia calar e evitar a insanidade
A cela fétida causava enjôo e arrepio
Esqueci o mundo
Me tornei imundo
Jogado à sorte em meio a podridão
Companheiro enfim apenas da solidão
Vinte anos se passaram sem me dar conta
O corpo emagreceu
Mas a doença venceu
Naqueles tempos da era medieval
O coração fraco bate ainda normal
Desci novamente aqueles degraus antigos
Mas sem tropeçar
Apesar de soluçar
De sentir o desamor em tempos passados
Proclamando agora meus sonhos realizados