VENTO ZÉFIRO

Catavento cata o acento

Convençe a contento

O que tento no intento conhecer

Contam aos quatro ventos que Zéfiro

Apaixonou-se pela donzela

E no ouvido dela cantou sua cantilena

Sempre haurindo no ouvido dela

Como aquarela pintou seus sentimentos

Tudo estava se formando se amoldando

Com sua sede incontida

Bebia da fonte de sua imaginação

Seus sussurros indecentes

A despia mais que sua nudez

Insistia em cismar que o céu

Era uma casca de ovo frágil

Que ele tocava com o seu gemido

E o vento comunga com o tempo

Não tendo nunca a certeza de onde veio

Uma passagem aberta numa hora incerta

A passagem dos séculos o amedronta

Sonhando se desfaz das coisas que ama

A natureza é como um bolo que ele apronta

E sempre está apagando a vela

Ou contando os dias na cela

Suas palavras voam por dentro da donzela

Que ele engravida como um verme

Que não sabe se Deus está nele

Ou se nele está o verme

E segue se arrastando

Mudando tudo de lugar

Sem nunca parar

O vento

Pêndulo

Pra lá e pra cá

Não sabe onde está

Só sabe que não pode parar

Olha-se no espelho do mar e pergunta

Serei eu o suspirar de Deus...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 27/07/2012
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