VENTO ZÉFIRO
Catavento cata o acento
Convençe a contento
O que tento no intento conhecer
Contam aos quatro ventos que Zéfiro
Apaixonou-se pela donzela
E no ouvido dela cantou sua cantilena
Sempre haurindo no ouvido dela
Como aquarela pintou seus sentimentos
Tudo estava se formando se amoldando
Com sua sede incontida
Bebia da fonte de sua imaginação
Seus sussurros indecentes
A despia mais que sua nudez
Insistia em cismar que o céu
Era uma casca de ovo frágil
Que ele tocava com o seu gemido
E o vento comunga com o tempo
Não tendo nunca a certeza de onde veio
Uma passagem aberta numa hora incerta
A passagem dos séculos o amedronta
Sonhando se desfaz das coisas que ama
A natureza é como um bolo que ele apronta
E sempre está apagando a vela
Ou contando os dias na cela
Suas palavras voam por dentro da donzela
Que ele engravida como um verme
Que não sabe se Deus está nele
Ou se nele está o verme
E segue se arrastando
Mudando tudo de lugar
Sem nunca parar
O vento
Pêndulo
Pra lá e pra cá
Não sabe onde está
Só sabe que não pode parar
Olha-se no espelho do mar e pergunta
Serei eu o suspirar de Deus...