Sai do mundo,
logo depois que a ultima porta se fechou,
logo depois que a ultima porta se fechou,
Caminhei por sobre os tumulos como quem pisa rocha,
Conversei com os nascituros, conversas doridas,
E apontei com dedos mutilados,
O caminho fechado
O caminho fechado
Depois, deitei, querendo dormir sem sonhos,
Sem memórias do dia
Sem memórias do dia
Quis esquecer!
Não pude, saltei do catre de minha alma,
Numa perna só, feito cão bipede.
Não pude, saltei do catre de minha alma,
Numa perna só, feito cão bipede.
E corri para a pia marmorea ,
Lavando meu rosto das escorias
Lavando meu rosto das escorias
De meus sonhos impuros...
Olhei para a porta fechada por trás de minhas costas
E tive medo do que me aguarda ao fim do poema.
Minha vida é um retrato que eu mesmo pintei
Nada de mim nela esta,
Somente sei das minhas molduras espalhadas,
E tantos rostos desfazendo-se em aquerelas embassadas
O tempo é meu senhor e meu horror
O tempo é meu senhor e meu horror
Confesso, que no ponto irradiante
Onde entralaça se as cruzes
Onde entralaça se as cruzes
Um poeta aguarda pela poesia,
que surja voluntariamente bela
que surja voluntariamente bela
sem embassos, sem murmurios sem auto retratos!
Imagem: A via crúcis. Mont Serrat - Santos
Olimpio de Roseh
Imagem: A via crúcis. Mont Serrat - Santos
Olimpio de Roseh