Sai do mundo,
logo depois que a ultima porta se fechou,
Caminhei por sobre os tumulos como quem pisa rocha,
Conversei com os nascituros, conversas doridas,
E apontei com dedos mutilados,
O caminho fechado
Depois, deitei, querendo dormir sem sonhos,
Sem memórias do dia
Quis esquecer!
Não pude, saltei do catre de minha alma,
Numa perna só, feito cão bipede. 
E corri para a pia marmorea ,
Lavando meu rosto das escorias
De meus sonhos impuros...
Olhei para a porta fechada por trás de minhas costas
E tive medo do que me aguarda ao fim do poema.
Minha vida é um retrato que eu mesmo pintei
Nada de mim nela esta,
Somente sei das minhas molduras espalhadas,
E tantos rostos desfazendo-se em aquerelas embassadas
O tempo é meu senhor e meu horror
Confesso, que no ponto irradiante
Onde entralaça se as cruzes
Um poeta aguarda pela poesia,
que surja voluntariamente bela
sem embassos, sem murmurios sem  auto retratos!

Imagem: A via crúcis.  Mont Serrat - Santos
Olimpio de Roseh
Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 25/07/2012
Código do texto: T3796860
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