LINHAS PARALELAS


Foram-se as mãos

foram-se os pés

foram-se os meios

e os inteiros

toda a geometria

congelou

na simples percepção

da tua ausência

os quadrados reviram-se

em ângulos agudos

os triângulos se somem pelo vértice

os círculos abocanham

qualquer voo

linhas sinuosas carregam

meandros regulares

de pensamentos vãos

sairei pela tangente

deste poema

sem me render ao

ceticismo dos ângulos retos

nem ao fatalismo

de linhas paralelas

ah, que eu nunca me encontro

contigo

quando estamos nós dois

assim tão presos nelas!