Mata-me !
E minh’alma abafada sussurrou, estranho jeito...
Que,sedenta de um fio da ventura em doce pranto,
Posto que,do amor em estio,vira sonhos desfeitos,
Quedava,pois,na dor do mais profundo desencanto!
Esquecida,deixou-se ficar num poço mais profundo.
Onde,ainda assim,ouvi-las ficava ,à custo das estrelas.
Contudo,ocultaram-lhe a visão, angustias do mundo,
Gritou a Deus:-”Mata-me,não consigo entende-las!”
E Deus,indiferente,parecia distante, imenso deserto...
Que minha alma enlouquecia, rogava de sua clausura.
“Conduza-me,se quiseres,pois,a miríades de infernos
Projeta-me,qual caído astro de tua vertiginosa altura”!
Sem mais apelos,então,rendi-me ante a final derrocada,
Aquele dia,era linda noite de Natal,quando ouvi o canto
Percebi que rubra camélia,incerta, estava desabrochada.
E dançando entre nuvens,Deus mostrava-me o encanto...
De tamanha ventura,que por certo,ainda,não conhecia,
Minha alma inebriada ultrapassou meu entendimento...
Tornou meus lamentos em puros folguedos de fantasia!
Ouvi , longe,estranho risinho que vinha do firmamento...