A SALA DE ESPERA NAS NUVENS(de "Vozes do Aquém")

Ponho

um pé

mais perto

dos meus sonhos,

mas,

ainda assim,

vou ter

que esperar,

então

sento

em um canto

e deixo

a nuvem

flutuar.

Sinto

no rosto

as gotas d’água,

frias,

mas açucaradas,

a tal ponto

que

as estalactites

melam

e

viram

sorvete,

muito apropriado

para

o

momento.

Leio

nos rostos

uma certa

ansiedade,

da qual

não compartilho,

pois

li

nas estrelas

o que devo

fazer.

Cai

do bico

da gaivota

o cristal,

rompendo o silêncio

e

jogando

para as paredes

reflexos.

Toco

com a língua

o pulso,

invertendo

a

circulação.

Talvez

pare

o

tempo,

ao menos

pode ser

que

estique

a

espera.