A PRAIA
No mar onde ela se banha
Misturando os dois sais
Acontecem
Coisas estranhas...
Vozes vindas do fundo,
Que se desmancham nas vagas,
Sereias que se arrebentam
Contra as pedras,
Pálidas e magras.
Conchas fechadas de segredos
Jogadas na areia
Permanecem fechadas
Por puro medo.
No mar onde ela se banha
Existem tristes naufrágios
Almas transparentes mescladas à agua,
Que trazem estranhos presságios.
Águas-vivas mortas de sono,
Queimam peixes que nadam descuidados,
Tubarões ferozes insaciáveis
Mostram seus dentes brancos e afiados...
No mar onde ela se banha
E, timidamente, ressona e sonha,
Uma vida boia, descontente...
Incapaz de driblar, da alma,
A insônia.