Surreal
Guarda tua língua a sete chaves
Se afoga numa xícara de café
Faz da tua cabeça uma panela
E fura o teu olho como quer
Faz frutas passear pelo azul
Teus olhos mais parecem ovo cru
Põe roupas na tua casa de codorna
Dragões que soltam fogo ao vento nu
A vela que queima brasas d’água
Cabeças de espuma e nariz
Cigarros soltam cinzas fotográficas
Em prédios de cogumelos e gibis
No esgoto morrem chaves presa em fitas
Se desmancha na altura, arranha-céu
E flores, tocam folhas, tocam bruxas
Derretem corpos, esgotados no quartel
Aspira tua fumaça pelo olho
Voam pássaros em maior redemoinhos
E nas lâmpadas peladas já são frouxas
Guarda-chuvas e água no barquinho
E costura tua pele uma a outra
Se em troia o anjo não faz mal
Conservado, cigarro em várias bocas
A procura do mundo ideal
Se a TV é capaz de ler os livros
Tua cabeça é um dente-de-leão
E cavalos a correr ateiam fogo
Com azuis destes olhos tua mão
Escondido em uma gaiola presa ao vento
E balões que suspendem o concreto
A gangorra ao contrário traz tormento
E o surreal que na morte jaz o belo
Poesia inspirada nas fotografias deste blog: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=13849