Surreal

Guarda tua língua a sete chaves

Se afoga numa xícara de café

Faz da tua cabeça uma panela

E fura o teu olho como quer

Faz frutas passear pelo azul

Teus olhos mais parecem ovo cru

Põe roupas na tua casa de codorna

Dragões que soltam fogo ao vento nu

A vela que queima brasas d’água

Cabeças de espuma e nariz

Cigarros soltam cinzas fotográficas

Em prédios de cogumelos e gibis

No esgoto morrem chaves presa em fitas

Se desmancha na altura, arranha-céu

E flores, tocam folhas, tocam bruxas

Derretem corpos, esgotados no quartel

Aspira tua fumaça pelo olho

Voam pássaros em maior redemoinhos

E nas lâmpadas peladas já são frouxas

Guarda-chuvas e água no barquinho

E costura tua pele uma a outra

Se em troia o anjo não faz mal

Conservado, cigarro em várias bocas

A procura do mundo ideal

Se a TV é capaz de ler os livros

Tua cabeça é um dente-de-leão

E cavalos a correr ateiam fogo

Com azuis destes olhos tua mão

Escondido em uma gaiola presa ao vento

E balões que suspendem o concreto

A gangorra ao contrário traz tormento

E o surreal que na morte jaz o belo

Poesia inspirada nas fotografias deste blog: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=13849

Ian Lopes
Enviado por Ian Lopes em 27/06/2012
Reeditado em 02/09/2013
Código do texto: T3746949
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