Deserto
Meu coração é um deserto,
perdido nas dunas da vida.
Vai sem destino com o vento,
viaja, sim, a todo momento
tentando fugir da paisagem
sem pena,
das horas mais solitárias
em que o sol vem cruel e
traz à mente todos os meus
problemas.
Eis-me aqui, eis-me lá,
eis-me em todo lugar
voando sem parar
tentando fugir, mas sem
conseguir.
Peregrino em areia, com as
miragens a me enganar.
Meu rosto é um retrato de
mudança.
Minha vida é pelas terras
uma dança,
marcha lenta marcada pelo ar.
Durante a noite, o frio sem
vida
desce sobre a face dorida
do calor da tarde.
Solidão sem calor humano
que até arde...
Vejo um oásis, vejo em frente
e a alma alegria sente
- pode ser a salvação,
o amor, fim da solidão.
Mas como confiar no que se
se vê,
depois de tanto tempo assim,
vivendo como prisioneiro,
de um mundo traiçoeiro
que deixou um mundo árido em
mim?