Um brinde ao acaso
Ainda nem terminei de me vestir e já fui entrando
Na porta estava o convite com o meu nome
Um vendaval de pensamentos me chegou de uma vez
Meus cabelos ainda estavam molhados do banho
Minhas mãos com o tremor de iniciante
E minha respiração sentava mais uma vez no peito
Preparei um discurso que não veio
A minha voz nem saiu do lugar e já gritava
Num sonoro silêncio que o sol enxugava
Vi meu vulto se aproximando de mim
Nunca me vi tão assim, próxima e ao alcance
Minha cara limpa sorria e ao mesmo tempo chorava
A emoção de estar ali parada diante de nada era fascinante
Vou querer voltar e me encontrar de novo naquele umbral
Ver meu rosto limpo e sorrindo para uma imagem inexistente
Senti falta de mim chegando e fui correndo me encontrar
De olhos fechados beijei o que veio me devorar
Amei sem fronteiras depositando tudo o que tinha
Agora esse amor viaja estranhamente no meu mar
Em algum porto flutuante onde navego sem ver
Que a música toca, que a hora pensa que vai amanhecer
Aonde te encontro estranho que me fez adormecer
Aonde te acho para que um novo dia ainda eu possa ter
Aonde te procuro para que me veja novamente nua?