Anti-horário
Eu vou nos sentidos contrários dos ventos
e abro os oráculos nos espelhos das águas.
No anti-horário
do infinito de minhas asas
rasgo tudo o que é contínuo e perfeito.
No escuro dos céus e das brumas silvestres
caminho nu e invisível.
Estendo as mãos aos amantes
e transformo poesia em dor.
Nas horas anti-horárias
observo em silêncio a hipocrisia humana.
A língua dos homens que fere
e trai a verdade escondida
nas linhas ciganas das vaidades.
E nas horas mais longínquas anuncio os sinos da morte.
Queira, por favor, me dar as mãos?
Chegou a sua hora de regressar aos labirintos dos eternos mistérios da alma.