Ouça....

Sou nacos, retalhos, pedaços

Destroços de alguma alma deserta

Refugo de versos de algum poeta

Calos de muitos pés descalços

Não me vejo coisa inteira

Nunca sonhei com a mão amiga

Sou minha própria bandeira

De todas as filhas eu sou a perdida

Saia de perto de mim meu amigo

Nada tenho e quero tudo que consigo

Nem beije minha boca faminta

Fuja depressa bem devagar

Sinta o frio que minha alma habita

Não navegue no meu morto mar

Se afaste do meu enorme querer

Preciso de solidão para viver

Não quero dormir para não sonhar

Se ainda assim rejeitar meus loucos apelos

Se enrosque no meu pequeno corpo banal

Agarre nos meus curtos cabelos

Sinta meu cheiro de fêmea fatal

Não me deixe um segundo adormecida

Me ame feito um animal

Como se eu fosse a última mulher na vida.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 08/06/2012
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