Ouça....
Sou nacos, retalhos, pedaços
Destroços de alguma alma deserta
Refugo de versos de algum poeta
Calos de muitos pés descalços
Não me vejo coisa inteira
Nunca sonhei com a mão amiga
Sou minha própria bandeira
De todas as filhas eu sou a perdida
Saia de perto de mim meu amigo
Nada tenho e quero tudo que consigo
Nem beije minha boca faminta
Fuja depressa bem devagar
Sinta o frio que minha alma habita
Não navegue no meu morto mar
Se afaste do meu enorme querer
Preciso de solidão para viver
Não quero dormir para não sonhar
Se ainda assim rejeitar meus loucos apelos
Se enrosque no meu pequeno corpo banal
Agarre nos meus curtos cabelos
Sinta meu cheiro de fêmea fatal
Não me deixe um segundo adormecida
Me ame feito um animal
Como se eu fosse a última mulher na vida.