Pontes Sem Fim que Cortam os Prédios
Pontes sem fim que cortam os
prédios,
tão antigas quanto a Noite,
guardam a poesia de um povo
sofrido,
que faz sua voz ecoar.
Ruas sem fim qual rios que
cortam a terra,
guardam choros que não se
encerram,
duram até o fim dos dias.
Neons que enganam, seduzindo
os homens para tardes de
mentiras, desperdício e ilusões,
e nós, cada vez mais ricos,
gordos e sem amor nos
corações...
Luzes coloridas me guiam
no asfalto,
mostrando a direção dos meus
passos
e a alma se inquieta com as
visões a seguir.
Jovens perdidos nas sombras,
lutando por sobras, pra
sobreviver.
Velhos abandonados, lutando
pra suas migalhas não perder.
Paixões e cartas de amor que
terminam em tristeza e solidão
num beco escuro de asfalto
no fundo do nosso coração.
Quando se vaga, rumo a toda
eternidade,
infelizmente se vê fantasmas
pelo caminho.
Oh! Luzes da cidade que guiam
meu coração,
não me deixem aqui sozinho,
mas não bloqueiem minha
visão.