Outro dia eu... Ah andar.

Outro dia eu estava pensando que deveria poetizar alguma coisa,

ai resolvi poetizar, mas quando vi que já estava poetizando,

desisti do que fazia, fui andar...

Ah andar...

Como voar sem sair do chão?

Com sentir-se livre apesar de preso na imensidão,

do mundo vivo porém inerte

Somos como o tolo que deve

deixar de olhar para trás, e seguir em frente,

mas porquê em frente se podemos sumir num balão?

Adejar por entre os céus estrelados sem fixação

apenas sóbrios e contentes

De dentes abertos, sorrindo ao sabor do vento,

e que o balão nos libere, das amarras do mundo de sempre

inerte, cujo apesar de imóvel, se move com o tempo

Por que o moves tempo, se as coisas são sempre em lento?

Talvez porque quem esteja imóvel não seja a serpente,

mas quem espera um balão o levar num desalento.