Eis isto

Canso, logo existo.

Tanto insisto

que caio num canto

debruço-me sobre meu pranto

sobre minha dor liquefeita

Feita sob medida para meus olhos

Olho em volta e tudo me é

Sou o manto desgastado

a rachadura de uma taça

o vidro que logo embaça

da flor, sou o malmequer

eu sou o frio que me tortura

a cortina da janela

a fotografia dela

a lembrança mais impura

sou também o acre gosto

que reside em minha boca

sou aquela muito pouca

desvontade de ser não

Ao olhar-me no espelho

meu reflexo reflete

e chega a uma conclusão

'Existir cansa'

Tchelo
Enviado por Tchelo em 30/05/2012
Código do texto: T3696815
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