Autopsiando os restos mortais...
revirando vísceras, peles e sangue,
bistoriando fissuras nas entranhas,
dilacerando pouco a pouco sob inchaço!

Camada por camada da epiderme...
clipsando, vagarosamente, os dedos...
desossando, e destrinchando, segredos,
da inconsciência - contida nos veios!

Jorram sangrias rubras e espessas...
num esquálido líquido - esbranquiçado,
de odor fétido, pútrido, que se move...
ao exalar, funéreo, pelo ar!

Eu, calado, ausente de tudo...
só consigo... perscrutar... retido,
na missão, ingrata, de invadir...
sem pudor, o corpo putrefato, e indolor!

A carcaça gélida e estática...
que se submete - vulneravelmente,
aos cortes, enchimentos, e embutidos,
na execução final desta - autópsia!

 



 
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 23/05/2012
Código do texto: T3683303
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.