Autopsiando os restos mortais...
revirando vísceras, peles e sangue,
bistoriando fissuras nas entranhas,
dilacerando pouco a pouco sob inchaço!
Camada por camada da epiderme...
clipsando, vagarosamente, os dedos...
desossando, e destrinchando, segredos,
da inconsciência - contida nos veios!
Jorram sangrias rubras e espessas...
num esquálido líquido - esbranquiçado,
de odor fétido, pútrido, que se move...
ao exalar, funéreo, pelo ar!
Eu, calado, ausente de tudo...
só consigo... perscrutar... retido,
na missão, ingrata, de invadir...
sem pudor, o corpo putrefato, e indolor!
A carcaça gélida e estática...
que se submete - vulneravelmente,
aos cortes, enchimentos, e embutidos,
na execução final desta - autópsia!