Metáforas
Essa angústia que não sai de mim, que não me larga.
Ela vai e volta, me torce e contorce e chega a doer
pela falta de resposta, de explicação. Puxa, nada se resolve nesta vida!
Já deveria estar acostumado, angústia que nasceu comigo,
E me conhece bem. Eu é que não sei nada dela.
É como uma mulher cheia de mistérios e sortilégios.
Conto tudo pra minha angústia e ela não me conta nada,
E ainda diz que é minha amiga, que quer meu bem...
Que eu a conheço também...
Sempre penso que ela me engana, por que não sai de mim?
Afinal o que ela quer? Que eu a presenteie com minha vida?
Passeio rente ao abismo e ela agarrada a mim!
Será isso prova de amor? Ou mais um artifício?
Mais uma das grandes ilusões da vida,
vida que se despedaça no fundo assombroso do precipício!
Nota: Esta estado de estupor do poema era a matéria que a grande Clarice Lispector gostava de escrever. Dizia ela, lembrada pelo crítico literário José Castelo, que com medo ninguém escreve... Pretendo ainda falar muito desta maravilhosa escritora, que não escrevia em português, ela escrevia em Lispector e revolucionou a literatura brasileira.