REBANHOS
Como poderei existir entre as tuas ovelhas
Se os pêlos dos lobos uivam por entre elas
E os ramos dos relâmpagos são centelhas
Que afligem as tuas íris, atraentes e belas?
Ainda que eu refaça meu caminho de volta,
Não me restaria o cômodo ideal de te amar
Pois, no meu peito, trago acesa tal revolta
Na tocha que teima o meu espírito, queimar.
E, foram vários sóis em nuvens escurecidas,
Que me joguei no meu ego e lá eu me calei!
E, mesmo sabendo que haviam outras vidas,
Frio, incrédulo e covardemente eu me matei.
Ficou o vazio das minhas ilusões abortadas!
Riscaram-me a lápide que se vertia por mim!
Quanto às ovelhas, ficaram-lhes as estradas,
Pausados ecos de uivos incitantes e sem fim.
Mesmo daqui, debaixo da terra que me cobre,
Pressinto, inda, lobos entre os pêlos brancos
E, em cima do solo, no qual me sentia nobre,
Inda ouço o soluçar dos ventos pelos campos.
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Giovanni Pelluzzi
São João Del Rei, 18 de maio de 2012.