PORTO

PORTO

(Lena Ferreira)

Num barco frágil,

sem leme, sem remo,

rumo ao encontro do destino

meu escrito

enfrento um volumoso mar

em inconstâncias

- ora em ondas brutas,

ora em calmaria -

onde impera um silêncio

invigilante

numa calma que muito me assusta

Assustada, avanço, braçadas largas

nessas águas

desconhecidas e frias

turbulentas em espumas vítreas

e fáctuas

que desmentem esta coragem arredia

e com os olhos bêbados

de maresia farta

vislumbro o porto onde atracarei

meu barco

e ancorando, de uma vez, o meu cansaço

descansarei o peso

insano desta

vida