Estigma

Já nem sei do cheiro lá de fora

Aqui passa tudo tão devagar

Nem o faro da maldita me encontra

Aquela que todos querem evitar

Na fogueira deito meus sentidos

Meus atos, tratos, retratos

Comprei um novo vestido

Para vestir quando ninguém chegar

Ele é longo, colorido e leve

Lindo tecido nas ondas do mar

Meu corpo nele flutua sem medo

Como se eu não estivesse mais lá

Fecho os olhos e corro sem pressa

De encontro ao enorme e lindo laço

Me entrego ao sonho de brisa leve

Caio dentro do desejado abraço

Como os beijos são azuis

Cala minha voz eternamente rouca

Tua língua agora mora

No infinito céu de minha boca

Volto e olho o sonho de frente

Apagando tudo o que escrevi

Trago agora em minha mente

Que não posso sonhar aqui

Volto a olhar o tempo de frente

E afogo a história dentro de mim.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 09/05/2012
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