Estigma
Já nem sei do cheiro lá de fora
Aqui passa tudo tão devagar
Nem o faro da maldita me encontra
Aquela que todos querem evitar
Na fogueira deito meus sentidos
Meus atos, tratos, retratos
Comprei um novo vestido
Para vestir quando ninguém chegar
Ele é longo, colorido e leve
Lindo tecido nas ondas do mar
Meu corpo nele flutua sem medo
Como se eu não estivesse mais lá
Fecho os olhos e corro sem pressa
De encontro ao enorme e lindo laço
Me entrego ao sonho de brisa leve
Caio dentro do desejado abraço
Como os beijos são azuis
Cala minha voz eternamente rouca
Tua língua agora mora
No infinito céu de minha boca
Volto e olho o sonho de frente
Apagando tudo o que escrevi
Trago agora em minha mente
Que não posso sonhar aqui
Volto a olhar o tempo de frente
E afogo a história dentro de mim.