Guru

Quando chegaste a porta

Sua presença anunciou-se

Pelo silêncio a fora, e

foi reverberando pelas nuvens e

paisagem.

O silêncio que exalava era repleto de

expressões, olhos, espelhos e miragens.

Suspiros que se ouvia ao longe.

A alma que trazias na bagagem

estava compacta

E amassada por lembranças tristes.

Em seus passos havia resíduos de lama e mato

Seus pensamentos se anunciavam através dos rastros

de melancolia e maturidade

Dissestes tudo com reticências infinitas

A palavra se esquadrinhava lentamente

em suas vírgulas

ensaiadas e retóricas.

Sua ácida sinceridade corroía

toda a socialidade possível

Fechava cerros

Emburravam servos

Lacravam recepções.

Mas, contava com absoluta simplicidade

Sobre as coisas, todas as coisas…

Apontava conexões e ilações

Só perceptíveis com

a sagacidade de um samurai.

Você era guru

da mordacidade intrínseca

das narrativas

da mecânica da dor e da aprendizagem.

Do ritmo incompreensível das vagas

em meio a tempestade

que prenuncia a tragédia e fugacidade

da sobrevivência.

Você entoa a poética dos diálogos

Na sincronia certa da compreensão.

Quando chegaste novamente a porta

Tudo havia sido dito.

Tudo havia se materializado.

E desmaterializado como um átimo

Ou um delírio.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/05/2012
Código do texto: T3655067
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