A música vai aplacando a minha dor...
A música vai aplacando a minha dor:
Surgem-me os sonhos mais ternos e pueris,
Tecla a tecla vão desmonorando a minha existência:
Surge o belo, surgem muitas coisas.
Ela começa a se intensificar:
Como a minha alma forte e bruta que impele pela morte.
Vamos! — rechaça-se na parede
E não encontra por onde passar.
Os sons modificam minha alma:
Danço conforme sua harmonia e nesta vida trago a minha dores.
Angustiado, não, agora já não estou angustiado.
Tudo me é perene.
Não! Não! Não!
Novamente não!
A angústia resurge!
Mas deus! por que deus?!
Aplaca deus, aplaca essa angústia que tenho no coração!
Vamos deus, você existe? Como não?
Você não existe deus?!
Por que deus?!
Tolo, mil vezes tolo, fui apenas tolo nesta vida:
Calado, rechaçado, sem vida.
A palidez nua e crua de minha alma.
O corpo, ele morre, vira susbtrato para as plantas:
Surge-me a minha volta preto.
Preto, tudo preto, senão a minha alma.
Ela é preta ou branca?
Que me importa? Que ela seja da cor da aurora.
A cor de minha alma não vai mudar o destino, qualquer que seja.
Somos simplórios e imundice neste universo
Simplório e também imundo.
Temos nos nossos corpos a mesma matéria, e nada disso destoa da realidade.
Vamos! Vamos!
O que pode salvar essa eterna angústia?
Essa angústia que me faz escrever de olhos fechados?
Angústia, aplaque com esta bela música
Que agora já terminou.
Poema com escrita automática, ao som da música Struggle For Pleasure do artista Wim Mertens.