A almôndega e o absoluto
Pedaço de carne exposto
Na estufa
O tempo e seu lufa-lufa
E eu absolutamente faminto.
Caminho pelas ruas de São Paulo
E meu dinheiro sucinto
Obriga-me entranto a escolher:
Como minha carne ou a sua?
Nem todo destino é absoluto,
Nem todo desejo é dissoluto
"Mas toda a carne é triste!"
E eu grito com meu dedo em riste!
Ah Mallarmé! Ah Mallarmé!
Terei perdido meu juízo?
Carne de guria ou dente do ciso:
E dou uma mastigada na roliça!
Encostado na treliça sigo feito
Ébrio, somente o vinho a derribar
O meu tédio, gesto de foda-se
Com fervor em meu dedo médio.