A almôndega e o absoluto

Pedaço de carne exposto

Na estufa

O tempo e seu lufa-lufa

E eu absolutamente faminto.

Caminho pelas ruas de São Paulo

E meu dinheiro sucinto

Obriga-me entranto a escolher:

Como minha carne ou a sua?

Nem todo destino é absoluto,

Nem todo desejo é dissoluto

"Mas toda a carne é triste!"

E eu grito com meu dedo em riste!

Ah Mallarmé! Ah Mallarmé!

Terei perdido meu juízo?

Carne de guria ou dente do ciso:

E dou uma mastigada na roliça!

Encostado na treliça sigo feito

Ébrio, somente o vinho a derribar

O meu tédio, gesto de foda-se

Com fervor em meu dedo médio.

Gato Véio Ferreira
Enviado por Gato Véio Ferreira em 04/05/2012
Reeditado em 04/05/2012
Código do texto: T3648525
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